...porque eu acredito que colocamos o relacionamento amoroso como o centro de nossas objetividades e sem medo, pensamos que dizer "eu te amo" é algo extremamente delicado. Outro dia me perguntaram se falava "eu te amo" muito rápido - digo aqui no sentido de ao iniciar um novo relacionamento, já nas primeiras e patéticas semanas dizer a célebre frase. E com isso, ser considerado imaturo, afobado, apressado ou artificial. Beleza. Então como podemos classificar a hora certa de dizer "eu te amo"? Isso mesmo classificar.
"Classificar" aqui como no dicionário: pôr em ordem algo, números, etc. Porque se a gente pensa que é apressado nos declararmos logo de cara... Se podemos dizer que amar é uma declaração e não uma condição do ser, então eu não quero ter que classificar os meus "te amos" por aí. Eu quero só dizer!
Porque eu acho que os relacionamentos por aí são de ordem gastronômica. Se você ganha uma torta da Dalena, sabe o preço que se paga por um exemplar - e a degustação é bem prazerosa e sem excessos. Mas se você ganha uma torta da "Jurema Kit Festas", sabe que tem muito amido de milho pra engrossar a cobertura. E come sem pensar! As pessoas hoje estão numa vitrine e quem passar, vai querer levar a torta mais bonita - porque a gente come com os olhos! Mas depois da primeira mordida... você quer mesmo passar adiante, tomar um gole de coca-cola e experimentar o sabor com damasco - que nem sabe o que é, mas sabe que é bonita. Ou seja, é gostosa!
Então, por esse medo cretino da superficialidade nas relações, não se pode mais falar "Te amo" como antigamente: no primeiro olhar, nas primeiras frases, nas primeiras mordidas.. Hoje, eu consigo falar de boa, que "amo uma torta" - desde que ela me complete e me faça feliz nos primeiros momentos de degustação. Porque eu prefiro ser feliz amando por três dias do que esperar a hora certa de dizer "te amo" sentado no banquinho da incerteza. Vamos pensar mais assim.. que a gente vai mais longe - até nessas coisas loucas do amor!